segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Já publiquei mais um bocado da minha história. Se quiserem ver a história toda, vão à página A PROMESSA.

Segue-se o que acrescentei... Não tenham medo de comentar... :D



O Diário De Júlia

18 De Agosto: A Leonor deu-me esta sugestão e decidi começar a escrever um diário. Passei quase toda a noite passada a pensar em algo que fosse divertido. Então, de manhã, antes de Leonor acordar, fui procurar o nosso médico para pedir autorização para escrevermos, desenharmos e fazermos o que quiséssemos com as paredes do nosso quarto. Depois de muito suplicar, ele concordou. Sabia que havia umas latas de tinta que não foram utilizadas quando estavam a fazer obras de recuperação e por isso fui buscar duas. Quando cheguei ao quarto, já a Leonor tinha acordado.
- Que é isso?
- São duas latas de tinta – respondi, enquanto as abria – deixaram-nos fazer o que quiséssemos com as paredes.
Ela sorriu, achando a ideia brilhante. Mas depois, olhou em volta.
- Mas assim podemos sujar alguma coisa...
Olhámos as duas uma para a outra e pusemos mãos à obra. Juntámos as duas camas e afastámos algumas coisas para que tivéssemos uma parede livre. As camas ficaram voltadas para a parede livre, para que nos pudéssemos deitar e olhar para a parede que agora estava livre.
Quando damos por nós, era hora de almoço. Depois de almoço, fomos para o quarto e começámos a pintar o que nos apetecesse. Descobri que a Leonor tem dotes de pintora!
Depois, fomos fazer quimioterapia e apareceram e apareceram os pais de Leonor por lá. São bastante simpáticos. É pena os meus pais nãos se preocuparem assim comigo. Ainda me lembro bem do dia em que o meu pai me deixou a mim e à minha mãe por causa da minha doença, como se fosse ontem. A partir daí, a minha mãe deixou-me de dar tanta atenção e ainda não falei com ela desde que fui internada no hospital. Talvez eles nunca me tenham amado. Ainda não contei nada disto à Leonor, tenho medo que ela tenha pena de mim...

20 De Agosto: Tínhamos acabado de almoçar. A Leonor estava a fazer um desenho qualquer na parede e eu estava deitada, a olhar para o tecto, a pensar. Tinha sido uma boa ideia a que eu arranjei, mas depressa nos iríamos fartar.
Estava a pensar com os meus botões, quando alguém abre a porta. Levantei-me e ambas olhámos para a porta.
- Olá, sou o Rui. Vou fazer voluntariado durante 3 semanas...
- Sê bem-vindo – disse a Leonor, mas não com muito entusiasmo, e virou-se para continuar a pintar.
- Ela é um pouco tímida. Com o tempo, falará mais contigo.
- OK.
- Que tipo de voluntariado?
- Ajudar no que for preciso...
A porta abre-se e aparece o nosso médico:
- Rui, preciso que venhas aqui comigo.
Quando a porta se voltou a fechar, sentei-me ao pé dela.
- Ele é giro...
- É... Pelo menos tem cabelo.
- Ui, já vi que estás mal humorada...
- Só estou maldisposta.
Levantou-se e saiu. Olhei para a parede e vi que ela tinha riscado o desenho que estava a fazer. Acho que ela não achou muita graça ao voluntário.


O Diário de Rui

20 De Agosto: Quando fechámos a porta atrás de nós e nos começámos a encaminhar para o gabinete do médico, ele começou a dizer o que pretendia que fizesse nas 3 semanas que ali estaria.
- Quero que sigas de perto aquelas duas raparigas – abriu a porta e entrámos no seu gabinete – Sabes, é que elas viram uma pessoa a suicidar-se aqui no hospital. Sei que negariam qualquer psicólogo. Por isso, quero que te tornes amigo delas para saber se está tudo bem com elas... É claro que não quero que faças só isso. Quando for necessário, ou a confusão for muita, quero que ajudes as enfermeiras nas urgências.
- Sim, doutor.
- Começas a trabalhar amanhã. Já vi que já exploraste um bocado as instalações... Por isso acho que não é preciso nenhuma visita guiada.
Acenei a cabeça, para concordar com ele. Apertámos as mãos e saí.

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